terça-feira, 7 de janeiro de 2020

BERNARDO SANTARENO|UMA OBRA DE CADA VEZ (4)|«Nos Mares do Fim do Mundo»


SINOPSE
Na história da literatura portuguesa do século XX, este livro é um objecto estranho e raro onde a poesia e a realidade cruzam mãos num cenário onde domina a natureza inóspita que realça o elemento humano.
«Nos Mares do Fim do Mundo foi, em grande parte, escrito a bordo do arrastão "David Melgueiro", na primeira campanha de 1957, a primeira também em que eu servi na frota bacalhoeira portuguesa, como médico. Mas depois desta, tomei parte numa segunda, em 1958, agora a bordo do "Senhora do Mar" e do navio-hospital "Gil Eannes", em que assisti sobretudo aos barcos de pesca à linha: Assim pude de facto conhecer, por vezes intimamente, todos os aspectos da vida dos pescadores bacalhoeiros portugueses, em mares da Terra Nova e da Gronelândia, e completar este livro.»

Esgotado há várias décadas, «Nos mares do fim do mundo» é uma obra única da literatura portuguesa do século XX. Esta edição junta os dois textos inéditos encontrados nos blocos de notas em que Bernardo Santareno anotou estas impressões de viagem e várias fotografias também inéditas do autor embarcado que serão incluídas na edição.

«A partida
Enquanto o «David Melgueiro» se afasta, mais e mais de Lisboa,
eu surpreendo-me com as mãos abertas ao vento,
para nele colher um certo olhar negro e patético,
ou um riso estridente e nervoso que queria ser lágrima,
ou aquele dorido inclinar de cabeça silencioso e resignado,
ou aquele beijo enviado por, alguém que me pede uma estrela como testemunho da aventura,
ou a serenidade hirta e requintada de quem, enquanto o navio se distancia, se acusa por não sentir nada (nem magoa, nem saudade) por mim…
Com as minhas longas mãos abertas ao vento…»


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